segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Ministério Público abre investigação sobre ônibus de empresa do Baltazar

Ministério Público denuncia ônibus de Baltazar no ABC Paulista, diz EMTU. Suspeitas de operação com ônibus acima da idade e adulteração de documentos e características dos veículos são alvos de investigação na Viação Ribeirão Pires.
Exemplo de modificações: Marcopolo Torino GV com frente de Torino 1999. Foto: Tiago Liberato.
ADAMO BAZANI – CBN
O Ministério Público de São Paulo investiga suspeita de fraudes e uso inadequado da frota de ônibus da Viação Ribeirão Pires Ltda., empresa que presta serviços intermunicipais na área 05, correspondente a região do ABC Paulista.
De acordo com o Ministério Público, os ônibus não passam por manutenção adequada, o que faz o índice de quebras dos veículos da empresa aumentar, assim como representam um risco maior de acidentes.

O órgão também apurou que muitos veículos operam com mais de 10 anos, a idade máxima permitida pela EMTU.
A EMTU – Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos confirmou as informações e diz que recebeu as denúncias do Ministério Público e intensificou as vistorias nos ônibus da Ribeirão Pires.
Sobre a idade dos veículos, a gerenciadora dos transportes intermunicipais comunicou que exige um limite compatível com uma operação segura, mas no caso da Ribeirão Pires e outras empresas intermunicipais do ABC Paulista, não pode criar exigências maiores porque a área 05 é a única que não foi licitada na Grande São Paulo, a exemplo das outras 04 áreas da Região Metropolitana.

A EMTU tenta fazer a licitação desde 2006, quando foi realizada a de todas as áreas da Grande São Paulo.
As empresas do ABC Paulista esvaziaram o certame por quatro vezes. Elas alegam que precisam de um edital diferenciada por causa das mudanças nos transportes intermunicipais que devem ocorrer com o monotrilho entre São Bernardo do Campo e estação Tamanduateí, na zona Leste de São Paulo, e com a criação do Expresso ABC, linha rápida de trens que vai margear a linha 10 Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens metropolitanos) entre Mauá (Grande SP) e Luz (centro da Capital).

As companhias do ABC Paulista reclamam também que os custos na região são maiores, como com salários (30% mais alto que em outras áreas) e por conta do viário de algumas linhas.
A reportagem viajou numa das linhas da área 02, entre Franco da Rocha e Francisco Morato, também na Grande São Paulo, e constatou viário irregular e difíceis condições de tráfego.
A linha usada foi a 216 Franco da Rocha – Francisco Morato, via Jardim da Alegria. A passagem é no valor de R$ 2,30, o ônibus pega subidas íngremes, em alguns pontos falta acostamento e em outros os quando vai cruzar com outro ônibus ou caminhão, é necessário o veículo recuar por não ser possível dois carros de grande porte passarem na faixa de rolamento habitual.
Mesmo assim, os ônibus eram novos e todos com acessibilidade.

No ABC Paulista, a idade média da frota passa os oito anos e há veículos que ultrapassam os 15 anos, como da própria Viação Ribeirão Pires.
A EMTU promete ainda este ano fazer um edital intermediário, válido até 2016, para licitar área 05. Vai ser exigida, após o certame troca da frota em 24 meses.
ADULTERAÇÃO DE ÔNIBUS:

O Ministério Público e a EMTU investigam também denúncias de adulteração de documentos e até mesmo dos ônibus.
Assim, veículos com as características originais de fábrica alteradas sem homologação, o que pode comprometer a segurança, ou antigos que recebem carrocerias mais novas também são investigados.
Há ônibus com documentos não correspondentes aos veículos que são na prática e veículos mais velhos registrados como se fosse mais novos.
Com a desabilitação da Viação Januária, do lote 02 de Mauá, muitos ônibus que pertenciam a empresa, do mesmo dono, Baltazar José de Souza, foram para a Ribeirão Pires e a suspeita é de que desde quando já operavam em Mauá, os veículos tinham documentos irregulares.
Caio Apache S21 OF-1417 ex-Viação Januária 521.
A Viação Ribeirão Pires tem perdido linhas para a Rigras, empresa da cidade de Ribeirão Pires.
Fontes do setor afirmam ser esta uma estratégia de Baltazar José de Sousa: sucatear a Ribeirão Pires, com ônibus sob suspeita e se desfazer das linhas, para fortalecer outras empresas intermunicipais, como a Viação São Camilo, EUSA (Empresa Urbana Santo André) e EAOSA – Empresa Auto Ônibus Santo André.

A Viação Ribeirão Pires presta serviços em Paranapiacaba (vila histórica pertencente a Santo André), Rio Grande da Serra, Mauá, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e São Paulo.

Adamo Bazani, jornalista da Rádio CBN, especializado em transportes.


Pesquisa de imagens: Thiago de Souza.

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